domingo, 30 de outubro de 2016

COMO DETECTAR TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

Pesquisas mostram que, em países em desenvolvimento cerca de 40% dos alunos de séries iniciais têm dificuldades de aprendizagem. Destes, apenas 6% têm distúrbios de origem neurobiológica.


Em toda sala de aula, há estudantes que aprendem com mais facilidade e outros que têm dificuldade para acompanhar as lições. Ninguém está a salvo de tirar notas baixas vez ou outra. Mas o que fazer quando os problemas são persistentes? Há quem fique anos sem conseguir se adaptar ao ritmo das turmas ou mesmo aprender o básico – ler e escrever. Pais e professores são os primeiros a perceber sinais de que algo não vai bem. Porém, nem sempre conseguem identificar as causas do problema.
Problemas com métodos de ensino são os que mais afetam o desempenho das crianças (Foto: Welinton/SXC.hu)
Em geral, os docentes não são preparados para perceber o que impede o aprendizado dos alunos, diz Sandra Torresi, professora de neuropsicologia na Universidade de Morón, na Argentina. Ela diz que eles não são obrigados a fazer diagnósticos, até porque isso depende da avaliação de diversos profissionais, como psicopedagogos, fonoaudiólogos, neuropsicólogos, neurologistas, psiquiatras, entre outros. “Mas ainda falta compreensão sobre o processo de aprendizado em si. Muitos professores não conhecem nem o desenvolvimento normal das crianças. E só ensina bem quem sabe como se aprende”, afirma Sandra.
No Brasil e em outros países em desenvolvimento, pesquisadores estimam que de 40% a 42% dos alunos nas séries iniciais tenham dificuldades para aprender. Destes, 4% a 6% têm transtornos de origem neurobiológica.
As dificuldades no aprendizado podem decorrer de falhas no método de ensino e no ambiente escolar. Também podem pesar fatores relacionados à vida familiar e a condições psicológicas da criança.
Nos transtornos ou distúrbios de aprendizagem, há problemas em áreas específicas do cérebro. “Há uma característica de origem genética, neurobiológica. A criança nasce com uma falha de processamento. Não quer diz que não vá aprender, ela vai, só que de uma forma diferente”, diz Sylvia Ciasca, livre-docente em neurologia infantil na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Laboratório de Dificuldades, Distúrbios de Aprendizagem e Transtornos da Atenção (Disapre) da instituição. Segundo a professora, os distúrbios são mais raros que as dificuldades escolares.
Rosa Maria Junqueira Scicchiato, psicopedagoga e professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), diz que, em sua experiência de atendimento clínico, é mais comum se deparar com problemas do sistema educacional. “Já vi casos de meninos que não sabiam ler e escrever porque nunca ninguém tinha sentado com eles e ensinado. Apenas isso. Não tinham nenhum transtorno. Foi só dar atenção, usar método adequado, e eles aprenderam.” Para ela, salas lotadas e formação de professores deficientes em todo país são os maiores vilões do ensino.
Quais são os principais transtornos
As pesquisas científicas sobre distúrbios de aprendizagem são relativamente recentes – ganharam relevância a partir dos anos 1980. Ainda não existem testes padronizados mundialmente para diagnosticá-los, embora haja referências importantes. Com isso, é difícil encontrar crianças com diagnóstico fechado de outros transtornos além dos mais conhecidos como dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sem Hiperatividade (TDA).
A dislexia é um distúrbio específico das operações relacionadas ao reconhecimento das palavras, segundo definição do livro Transtornos da Aprendizagem: Abordagem neurobiológica e multidisciplinar, da neuropediatra brasileira Newra Tellechea Rotta e outros autores (Editora Artmed). Os disléxicos têm dificuldade para identificar as letras com precisão e velocidade e para formar as sílabas. Há diferentes graus de comprometimento e os sintomas variam conforme a idade. Crianças em fase escolar costumam sofrer para adquirir a habilidade de leitura e escrita e, quando conseguem, fazem tudo num ritmo mais lento que os colegas. Para elas, são atividades penosas copiar textos da lousa, escrever redações e fazer provas dissertativas.
Um adulto com dislexia apresenta falhas principalmente no hemisfério esquerdo do cérebro e em regiões parietais – áreas responsáveis pelo processamento da linguagem. Elas acabam sendo menos ativadas do que deveriam no momento da leitura e da escrita. Com tratamento, o disléxico consegue aumentar a ativação das regiões, mas nunca da mesma maneira que uma pessoa sem o transtorno.  
O TDAH e TDA não são definidos, necessariamente, como transtornos de aprendizagem, mas, por afetar a atenção e concentração – aspectos essenciais para os estudos – geralmente causam dificuldades. Além disso, é comum a coexistência de distúrbios. “De cada 100 crianças com TDAH, 10 a 15 também apresentam outro transtorno de aprendizagem”, diz Luis Augusto Rohde, livre-docente pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professor de psiquiatria da infância e adolescência na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo ele, há grande diferença entre uma pessoa com algum grau de agitação e uma desatenta e hiperativa. “Passa a ser problema de saúde quando traz prejuízos na vida do indivíduo.” A criança com o transtorno tem sintomas persistentes em diversos ambientes – na escola, com a família e os amigos. Está praticamente todo tempo em movimento e sofre para se focar em apenas uma atividade.
Outros distúrbios – menos diagnosticados, porém cada vez mais estudados – são as discalculias, as disgrafias e o transtorno não verbal.
Um estudante com discalculia é aquele incapaz de aprender matemática. Não se trata de dificuldades pontuais em algumas séries em que a disciplina fica mais exigente, mas da impossibilidade de aprender conceitos básicos. “A criança com o transtorno pensa em outra lógica e não consegue, por exemplo, transformar quantidades em números ou entender que a sequência numérica é da esquerda para a direita”, afirma Ângelo Rezende, neurologista da infância e adolescência e pesquisador da Universidade de São Paulo. Ele conta o caso de uma menina de 9 anos, com quadro grave de discalculia, que decorou os números, mas não tinha entendido o que representavam. Para ela, cada um deles era um personagem diferente em uma história. Estudos com ressonância mostram que, no cérebro das crianças com discalculia, há menor ativação nas regiões pré-frontal e parietal durante as tarefas de cálculo.
As disgrafias são os transtornos relacionados à escrita. São causados por falhas em áreas do cérebro responsáveis pela parte motora fina (lobo frontal). As pessoas com dificuldades nesse campo não conseguem controlar plenamente pequenos músculos em suas mãos. Os problemas da escrita atrapalham a comunicação e exigem muito esforço dos estudantes, que, por vezes, ficam com pouca energia para prestar atenção no conteúdo do texto. “Normalmente, o computador é um grande aliado no tratamento dessas crianças”, afirma Sandra Torresi, da Universidade de Morón.
O transtorno não verbal (Tanv) é um tipo raro de distúrbio e está ligado a procedimentos de estudos. A psiquiatra Gabriela Dias, especialista em saúde mental e desenvolvimento infantil pela Santa Casa do Rio de Janeiro, diz que o Tanv afeta principalmente a coordenação motora, a percepção sensorial e espacial e as habilidades sociais. Alguns dos sintomas são semelhantes aos de crianças com autismo e síndrome de Asperger. Elas costumam ter poucos amigos, fazem interpretação literal de eventos e mantêm conversas fora de contexto. Também têm dificuldades para analisar, organizar e sintetizar as informações.


terça-feira, 4 de outubro de 2016

DEZOITO FORMAS PARA LIDAR COM CRIANÇAS OU ADOLESCENTES QUE TEM TDAH

TDAH

1. Reduzir os atrasos de tempo e comunicar o tempo.

Se possível, reduzir ao mínimo os tempos de espera.
Usar timers, relógios, controladores de tempo ou outros dispositivos que mostrem o tempo como algo físico quando houver limites de tempo para a realização de tarefas.

2. Comunicar informações importantes.

Colocar lembretes, dicas, sugestões e outras informações-chave em pontos críticos do local para lembrar à criança ou ao adolescente o que deve ser feito.

3. Comunicar a motivação (pensar “vencer/vencer”).

Usar sistemas de símbolos, programas de recompensa, privilégios ou outros reforçadores para ajudar a motivar a criança ou o adolescente com TDAH.

4. Comunicar a resolução do problema.

Tentar reduzir os problemas mentais a problemas físicos ou tarefas manuais, em que as peças do problema podem ser manualmente manipuladas para se encontrar soluções ou criar novas ideias.

5. Usar o retorno imediato.

Agir rapidamente após um comportamento para proporcionar imediato retorno positivo ou negativo.

6. Aumentar a frequência das consequências.

Proporcionar mais retorno e conseqüências para o comportamento com mais frequência do que é necessário para uma criança ou adolescente que não tenha TDAH.

7. Aumentar a responsabilidade em relação aos outros.

Fazer a criança ou o adolescente ser explicitamente responsável por alguém várias vezes durante o dia (ou durante a tarefa ou o local) quando coisas precisarem ser feitas.

8. Usar recompensas mais visíveis e artificiais.

As crianças e os adolescentes com TDAH necessitam de incentivos mais fortes para motivá-los a fazer o que os outros fazem com pouca motivação externa por parte de outras pessoas.

9. Mudar periodicamente as recompensas.

As pessoas TDAH parecem se entediar mais facilmente com algumas recompensas; por isto, periodicamente, você pode precisar encontrar novas para manter o programa interessante.

10. Tocar mais, falar menos.

Quando você precisar dar uma instrução, aprovação ou reprimida:
Vá até a criança ou o adolescente.
Toque-o (com afetividade) na mão, no braço ou no ombro.
Olhe-o nos olhos.
Declare brevemente (!) o que quer lhe comunicar.
Depois encoraje a criança ou o adolescente a repetir o que você acabou de dizer.

11. Agir, não falar demais.

Proporcione consequências mais imediatas para lidar com o bom e o mau comportamento, em vez de ficar “falando sem parar no assunto”, resmungando ou fazendo longos discursos moralizadores sobre o problema.

12. Negociar, em vez de impor.

Seguir estes seis passos para uma negociação efetiva do problema.
Defina o problema: escreva-o e mantenha os membros da família informados da tarefa.
Gere uma lista de todas as possíveis soluções. Não são permitidas críticas neste estágio.
Depois que todas as soluções tiverem sido listadas, deixe cada pessoa criticar brevemente cada possibilidade.
Escolha a opção mais agradável.
Torne este um contrato de comportamento (todos os membros da família devem assiná-lo).
Estabeleça penalidades por quebra do contrato.

13. Conservar seu senso de humor.

Descubra o humor, a ironia, a frivolidade ou as coisas cômicas que acontecem na vida diária com as crianças ou os adolescentes e ria com seu filho sobre tais coisas.

14. Usar as recompensas antes da punição.

Você quer mudar um comportamento problemático?
Identifique o comportamento positivo ou pró-social que você quer para substituir o comportamento problemático.
Recompense generosamente (elogie, aprove) o novo comportamento toda vez que o observar.
Após uma semana fazendo isto, use uma punição leve (uma saída, a perda de um símbolo ou privilégio) quando o comportamento problemático alternativo ocorrer.

15. Antecipar os ambientes problemáticos (especialmente para crianças pequenas) e fazer um plano de transição:

Antes de iniciar uma nova atividade ou tarefa ou antes de entrar em um lugar novo, pare!
Reveja duas ou três regras que a criança precisa obedecer.
Faça a criança repetir essas regras.
Estabeleça um incentivo ou recompensa.
Estabeleça a punição que será usada.
Dê à criança algo ativo para fazer na tarefa ou no novo local.
Comece a tarefa (ou entre no novo local) e então siga seu plano.
Recompense durante toda a tarefa ou atividade.

16. Mantenha um senso de prioridades.

Segundo um dito popular, “Não se desgaste por pouco”. Grande parte do que pedimos às crianças ou aos adolescentes fazerem são coisas pouco importantes e tediosas no esquema maior de seu desenvolvimento.
Concentre seus esforços nas atividades ou tarefas importantes que mais importam a longo prazo (escola, relação com os pares, etc.), e não nas tarefas menores, menos importantes (limpar, catar coisas, etc.) que pouco contribuem para o desenvolvimento a longo prazo.

17. Mantenha uma perspectiva do sintoma.

O TDAH é um transtorno neurogenético; seu filho não escolheu ser assim.

18. Pratique o perdão (de seu filho ou de você mesmo ou dos outros que possam interpretar mal o comportamento de seu filho).

HIPERATIVIDADE

  • A criança tem dificuldade para manter-se parada ou sentada muito tempo.
  • Muito agitada, corre bastante ou sobe excessivamente nas coisas.
  • Bastante Inquieta, mexendo com as mãos e/ou pés, ou se remexendo na cadeira.
  • Extremamente elétrica
  • Conversa excessivamente.
  • Não consegue fazer atividades silenciosas
  • Responde imediatamente as perguntas antes mesmo de serem feitas totalmente.
  • Interrompe com frequência as conversas e atividades alheias.
  • Bastante dificuldade em esperar sua vez em filas e brincadeiras.
Para atestar que a criança tem TDAH deve-se fazer o diagnóstico, neste caso os sintomas devem interferir de forma significativa na vida da criança através de comportamento repetitivo em diferentes ambientes, por exemplo.
TDAH
O diagnóstico e tratamento de crianças com TDAH demandam a intervenção psicológica, psicopedagógica, pedagógica e médica (neurologista/pediatra e outros profissionais, se necessário). De acordo com esta abordagem envolvendo essas áreas do conhecimento origina-se então um processo de treinamento dos pais e também da escola para controlar o comportamento dos filhos e/ou alunos, um programa pedagógico adequado e possíveis medicamentos, caso seja necessário e prescrito por profissional da área de saúde.
A escola e os professores  também possuem um papel essencial no desenvolvimento das crianças quem tem TDAH. Para que o aluno obtenha sucesso na aula pode exigir uma série de intervenções. Crianças hiperativas podem continuar na classe regular com pequenas adaptações no ambiente estrutural como a modificação do currículo e estratégias adequadas.

DÉFICIT DE ATENÇÃO OU TDAH


Caracteriza-se principalmente, pela desatenção, pela agitação e pela impulsividade. Crianças hiperativas também são capazes de aprender, porém, encontram dificuldades no desempenho escolar devido ao impacto que os sintomas deste transtorno causam.
Para elas, concentrar-se é algo difícil. Distraem-se com facilidade, não lembram de suas obrigações, perdem e esquecem objetos com freqüência, têm dificuldades em seguir instruções e se organizarem, falam de maneira excessiva a ponto de não serem capazes de esperar a sua vez, o que as leva a responderem perguntas antes mesmo delas serem concluídas.
A hiperatividade caracteriza-se também por um descontrole motor bastante acentuado, que faz com que as crianças tenham movimentos bruscos e inadequados, mudanças de humor e instabilidade afetiva.
Cientificamente, este transtorno está ligado à produção de neurotransmissores (substâncias produzidas no sistema nervoso central responsáveis pela regulação do mesmo). Todos os seres humanos possuem uma área no cérebro que desenvolve o equilíbrio entre a percepção, a estimulação ambiental e a capacidade de resposta do cérebro a tudo isso. O TDAH origina-se, quando ocorre uma deficiência nesse processo como, por exemplo, na produção de substâncias como a dopamina, é gerada uma falta de equilíbrio nesse sistema. Os sintomas da hiperatividade costumam melhorar ou até mesmo desaparecer em grande parte das crianças quando elas atingem a puberdade, embora, em alguns casos, possa continuar na adolescência e na vida adulta. Existem algumas crianças que possuem maior propensão a ter estes problemas conforme a carga hereditária, ou seja, filhos de pais hiperativos, irmãos de pessoas hiperativas e os irmãos gêmeos.
Segundo estudos, além da deficiência na produção de neurotransmissores, a hiperatividade também pode ser causada por outros motivos como a ansiedade, frustrações, depressões, e outros fatores,
Desta forma o Déficit de atenção ou Hiperatividade (TDAH), afeta a criança no seu meio social, escolar e familiar, prejudicando seu relacionamento com colegas, professores, familiares devido a desatenção, hiperatividade e impulsividade.